Como interpretamos as nossas modas

 

Os Instrumentos

Os instrumentos mais usuais na nossa região, eram aqueles de fácil construção, normalmente feitos à mão pelo povo. Os tocadores na maioria das vezes recorriam à natureza, procurando produzir os sons nos diversos instrumentos.

Os seixos - colhidos nas bermas dos caminhos.

As canas raspadeiras - também denominadas por cegarregas de cana ou ainda reco-recos.

As castanholas de cana - talhadas com um simples canivete

Ao invés dos instrumentos anteriormente descritos, havia outros de mais difícil construção: os instrumentos de  percussão: os ferrinhos, o pífaro de cana, a flauta, o cântaro de barro (tangido por um abano de couro - servia de contrabaixo), as pinhocas e o zum-zum ou zumbidouro (tendo estes a mesma origem: o pinheiro). Outros instrumentos tambem usados na nossa região eram os instrumentos de corda: a viola, o cavaquinho e o banjo. Mais tarde alguns deles substituídos pelos harmónicos e os acordeões.

A tocata do nosso agrupamento é composta por onze tocadores, executando os seguintes instrumentos:

- Acordeão

- Cavaquinho

- Cântaro de Barro

- Castanholas

- Reco-reco

- Pinhocas

- Castanholas

- Viola

Foi nos serões da aldeia e no próprio trabalho rural que o povo desta aldeia, foi criando vínculos e desenvolvendo o seu espírito cultural.

A alegria estava quase sempre patente no trabalho do campo. As vindimas, a apanha da azeitona, as malhas e as ceifadas eram autêntico cenário cultural. A labuta não os cansava. Saindo de casa logo de manhã cedo, a rir, como se fossem para uma festa. Levavam o dia a cantar ao desafio. Havia muitas vezes, disputa entre dois ranchos, de rapazes e raparigas, que se juntavam contratados por diferentes donos. Ali se via qual o grupo mais trabalhador, o mais alegre e o que apresentava melhores cantigas e vozes. E ao largarem o trabalho (quando se fazia ouvir o búzio), à hora do sol-pôr, voltavam para casa ainda a rir e a cantar.

Também nas britadas e descamisadas (ou desfolhadas), quase sempre feitas nos serões de noites longas, o clima de alegria era uma realidade. Assim os rapazes e raparigas iam-se juntando fazendo enorme roda em volta das espigas de milho ou dos sacos do pinhão. Sempre num espírito cooperante e de entreajuda esperavam sempre pela recompensa do fim de um serão: o bailarico. Agora sim, a alegria duplicava. Depois de muitas cantigas, surgem as danças e esquecem-se as canseiras.

As danças e cantigas deste grupo chegaram até nós, através de um longo trabalho de recolha e pesquisa que começou por ser feito desde a ideia da formação do mesmo.

Foi pela memória e pela tradição oral dos mais antigos, que algumas cantigas foram recuperadas. Numa primeira fase, de  'ouvido' e só depois passadas para o papel.

 

Os versos que o Grupo canta e dança

São cerca de duas dezenas de canções recolhidas. É nelas que a alma dos nossos antepassados continua bem viva, e que são hoje o repertório deste grupo.