Fundação do grupo

Nascido numa aldeia muito antiga, pertencente ao antigo norte da Estremadura, agora Sul da beira litoral, o Rancho Folclório "As Pinhoeiras" foi fundado em 9 de Novembro de 1975.

Embora que já em 1960 tenha existido um grupo denominado por "Rancho Folclórico de A-do-Barbas", nessa altura, não havia a preocupação de autenticidade, nem fundamento nas suas recolhas , era apenas pouco mais do que uma cegada de Carnaval. Este apenas serviu para despertar algum interesse pela formação de mais grupos e na representação do lugar em alguns ajuntamentos populares, tais como: ajuda ao Hospital Distrital D.Manuel de Aguiar; inauguração do relógio da igreja de Maceira; inauguração do relógio da torre da capela de S.Tiago em A-do-Barbas; entre outras manifestações populares. Desse grupo não reza a história até 1974, havendo apenas alguns trajes por eles utilizados e uma medalha conquistada em 1968, ano em que participou na festa de amizade organizada pela empresa cimenteira ECM de Maceira (Empresa de Cimentos de Martingança).

Foi em Dezembro de 1974, que um grupo de jovens deu o primeiro passo para a fundação oficial do rancho, começando por convidar os elementos e colaboradores do antigo rancho. Outras etapas surgiram: ensaiar, preparar trajes, de forma a que a apresentação em público no dia 9 de Novembro de 1975 tivesse o seu maior rigor. Feita a primeira apresentação, o seu crescimento foi rápido. O seu aperfeiçoamento, e o rigor imposto nas suas interpretações tornaram-se realidade, começando a sua divulgação em festas e romarias, que deram lugar a inúmeros festivais, colhendo os inúmeros aplausos e conquistando êxitos.

A Tocata (década de 80)

Este grupo muito deve a sua existência aos fundadores e em especial à população em geral que, de forma generosa contribuiu nas recolhas de trajes, costumes e alguns utensílios, que hoje fazem parte do pequeno museu do nosso agrupamento.

 

Os Fundadores

Fundado em 1974 por iniciativa de um grupo composto por:

Empenhados nesta iniciativa, este grupo contou logo à partida com a colaboração de algumas pessoas que passaram a fazer parte integrante do mesmo, entre os quais podemos citar: Clarinda de Sousa Fransciso, Victor Gabriel Carreira, Maria Goretti de C. Carreira, (..) Mabília Baptista Filipe.

O Grupo após a sua fundação, passou a ser dirigido e orientado por uma direcção composta por:

 

As Origens

A aldeia nasceu num local, onde ainda hoje, existem grandes àreas povoadas por pinheiro manso, sendo estas explorados pelos habitantes, que, atravéz das pinhas retiravam delas os saborosos pinhões. Os Pinhões tinham de ser britados e torrados para chegaraem às mãos dos consumidores.

Ainda hoje, cerca de quatro dezenas dos seus habitantes, se dedicam à comercialização do fruto do pinheiro manso, chegando a movimentar largas dezenas de euros por ano. Mas não quer dizer que os mesmos, sejam apenas produto da terra.

Nos meses seguintes a Janeiro, procedia-se à apanha das pinhas.

O rapaz mais novo da família, assumia a função de trepador, pois este teria de ser muito àgil e leve. Trajava calças de boca-de-sino, grosseiras de surrobeco, estampadas de remendos; camisa de riscadilho e colete.

O Trepador

Este, sempre descalço, levava consigo uma vara , onde na extremidade mais fina era colocado um parrancho de ferro. Trazia também um cordel e podão, pois para além do derrube das pinhas, havia braças já secas. O cordel, servia para quando o trepador chegasse à cruta do pinheiro poder puxar a vara até si.

Depois de derrubadas, as pinhas eram juntas e levadas no carro de bois ou nos seirões da burra para a eira, onde eram expostas ao sol para abrirem. Quando as condições climatéricas não o permitiam, as mesmas eram esquentadas.

As pinhas eram colocadas na lareira com os bicos para cima, intercaladas com caruma em camadas. Em seguinda deita-se o lume e elas abriam. Seguia-se a tarefa do escachador, separar os pinhões das pinhas com o auxílio da escachadeira e do sepo.

Depois de extraídos os pinhões das pinhas, eram juntos para serem britados. Tinham que se colocar em água (de molho) durante cerca de vinte e quatro horas, para assim se fazer a separação (os bons ficavam no fundo e os ocos vinham ao de cima) e tambem ajudava a amaciar a casca. Seguidamente ou eram torrados com a própria casca, ou eram britados.

Uma vendedeira combinava para um certo dia  uma britada, esta, nunca coincidia com outra britada da vizinha ou habitante, pois poderia tirar parte das moças que se haviam comprometido a vir.

Chegada a noite, depois da ceia, começavam os preparativos: o pinhão já remolhado dentro do saco, pucaros com fartura e bancos que não faltassem. E começa a chegada das moças, cada uma tomando o seu lugar, lhe eram logo entregue o ‘pocarado de pinão’. Começava o desafio, qual era a que acabava primeiro, pois que o segundo e o terceiro já estavam à espera.

As horas vão passando, as moças sempre alegres e a cantar, cada vez mais confiantes de que a britada já está a mais de meio. Começam por chegar os môços, aqueles que cuidadosamente foram convidados pelas moças para ajudar na britada. Mas o fim em vista não era só ajudar na britada, pois que por tradição, havia sempre um bailarico depois do serão. Estes simplesmente tinham que falar à tocata, e conforme as moças se iam libertando do pinhões distribuidos, iam entrando na roda. Passados alguns tempo, toda a mocidade tinha atingido o fim em vista: o Bailarico.

E assim as longas noites se tornavam curtas, com tanta alegria, cantando e dançando esqueciam-se as canseiras. Por fim o lume vai amortecendo e as brasas vão-se reduzindo a cinza. O sono convida a descanso e cada um volta a sua casa.

Pinhoeira a britar pinhões

Ainda hoje, os pinhões se britam da mesma maneira, com dois seixos, um servindo de base e o mais pequeno de martelo, britando um a um. Embora que este trabalho já não é feito num espírito de entreajuda e cooperante, pois quem quiser pinhões britados, terá de pagar.

Pinhoeira a britar pinhões

Depois dos pinhões britados:

Depois de todas estas operações, a pinhoeira (mulher que vendia pinhões), percorria dezenas e dezenas de quilómetros, de feira em feira e de romaira em romaria, a cavalo no burro com os pinhões nos alforges, para fazer o seu negócio.

Pinhoeira com a cesta das enfiadas dos Pinhões

Quando a caminho era feito a pé, a pinhoeira era acompanhada pelo homem ou pelo filho. Enquanto a pinhoeira transportava a "venda" na poceira de verga, ele levava o alforge ao ombro, onde fazia transportar a merenda e por vezes parte da venda.

A pinhoeira acompanhada pelo homem e pela filha