História de Cavalinhos Sobre a origem do nome de Cavalinhos, presentemente existem duas possibilidades baseadas em interpretações populares e realidades históricas. 1. Origem do nome O topónimo Cavalinhos remonta à altura das invasões francesas, quando um aquartelamento das tropas francesas estava instalado em Leiria. Nessa altura, cada vez que as tropas francesas se deslocavam a cavalo para os lados da nossa freguesia, para realizar os saques e as atrocidades que lhes são conhecidos, os cães da zona, actualmente conecida por cavalinhos e lugar fronteiro da freguesia, eram os primeiros a dar o sinal da aproximação dos franceses. Ao ouvir os cavalos ao longe, os cães começavam a ladrar e as pessoas ficavam alerta e gritavam: - Lá vêm os cavalinhos, Lá vêm os cavalinhos. E esse alerta espalhava-se depois pelo resto da freguesia, dando oportunidade às pessoas dos lugares vizinhos para tomarem as devidas precauções de defesa. Visto que os cães que primeiro davam sinal eram dessa zona, o lugar terá então ficado a ser conhecido por Cavalinhos. ( Professor José Ribeiro de Sousa ) 2. Origem do nome A origem do nome deverá certamente estar relacionado com cavalos. Mas, seguramente esse nome é muito anterior ao tempo das invasões francesas (1807 a 1810). Basta citar o Registo das cidades, vilas e lugares que há em esta comarca da Estremadura, mandado fazer em 1527, pelo rei D.João III. Nele se regista a aldeia de Cavalinhos, com 6 fogos, e a Aldeia de Alcogulhe de Cima, com 8 fogos. E o couseiro ou Memórias do Bispado de Leiria, obra redigida cerca do ano de 1657, embora só impressa, pela primeira vez no ano de 1868, no elenco das ermidas existentes, nessa época na freguesia de Maceira, diz: "Outra [ermida] no Lugar dos Cavalinhos, invocação de São Mamede, imagem de vulto", isto é uma escultura, felizmente ainda existente, atribuível ao século XVI. O Padre Luis Vieira de Sousa, pároco de Maceira, na sua memória, enviada à Academia Real da História, em 8 de Julho de 1721, diz: "Outra [ermida] de S.Mamede do lugar de Cavalinhos, que fica para a parte do norte, que foi feita e administrada pelo povo daquele lugar, haverá 100 anos que foi feita". Também o Padre António Rodrigues Pires, pároco de Maceira em 6 de Abril de 1758, em memória semelhante, refere que a ermida de S.Mamede, "no lugar de Cavalinhos", pertencia ao povo do mesmo lugar. O Sr. Cónego José Pereira da Costa, na sua Breve Memórida da Igreja Paroquial de Maceira no concelho de Leiria, editado no ano de 1900, tem uma descrição mais completa da referida capela: "Há outra [capela] em Cavalinhos, dedicada a Nossa Senhora das Graças. Não se sabe quando foi feita, mas sim que o foi em substituição de uma dedicada a São Mamede que havia a nascente do mesmo povoado e de que já não existem vestígios alguns". E continua "Também se realizaram alguns melhoramentos como foi a nova sacristia, o púlpito de pedra lavrada, um cálix, casula com os seus pertences, toalhas de linho, etc. Tanto aqui como em todas as capelas da freguesia se substituíram as pedras de ara, algumas das quais nem bentas eram, por outras nas devidas condições. A antiga capela de S.Mamede, a que se refere o Sr. Cónego, devia ser aquela que é referida num documento do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, do ano de 1431, intitulado "Tombo das igrejas e ermidas de arredor da vila [de Leiria] " com termo primeiramente: "Item [a ermida] de São Mamede de Alcogulhe", o segundo templo mais antigo da nossa freguesia, depois da igreja de Santa Maria da Maceira, também mencionada do mesmo documento, mas já existente, pelo menos em 1211, a qual se tornou igreja paroquial em 1517. É bem possível que a ermida de São Mamede, no sítio do mesmo nome, esteja na continuidade de algum local de culto de uma época ainda mais antiga, embora em 1211 ainda não seja referido entre as igrejas e ermidas do termo de Leiria. Nas minhas investigações, tenho uma hipótese de trabalho, relacionada com os vestigios da época romana, encontrados naquela área, nos meados de século XIX, que poderão estar na origem remota de um templo paleocristão. Em conclusão, o nome do lugar dos Cavalinhos é, pelo menos, do século XVI, uma vez que já tinham 6 fogos no ano de 1527. Muito antes, portanto, das invões francesas, nomeadamente a terceira, que, entre Outubro de 1810 e Março de 1811, foi realmente devastadora, em número de mortos, por assassinato ou por peste, e também de roubos e destruições. Tenho pena de desmontar a tradição popular, mas não poderia deixar de apresentar os factos históricos, quanto à maior antiguidade deste topónimo maceirense.
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